10 de dezembro de 2014

Festival de Equoterapia mostra benefícios da interação com cavalos no tratamento de crianças


 
A Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) promoveu nesta quarta-feira, 10, o 5º Festival de Equoterapia, em São José, na Grande Florianópolis. O evento de final de ano marca o encerramento das atividades do Serviço de Equoterapia, voltado para pessoas com deficiência. Ele é realizado pelo Centro de Reabilitação Ana Maria Phillipi (Cener) em parceria com a Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC).

“O evento acontece todos os anos e tem sido exitoso, não só na receptividade das famílias, mas na constatação que temos dos efeitos terapêuticos dos praticantes que possuem a possibilidade de usufruir desse projeto. É um trabalho é muito gratificante,” explicou o comandante de Cavalaria da Polícia Militar, coronel Marcio Ferreira.

As atividades do Festival iniciaram com apresentações, e seguem ao longo do dia com exercícios feitos na terapia, como alongamentos, volteio adaptado e jogos. O evento conta com cerca de 20 praticantes, entre 4 e 30 anos. Um circuito especial foi montado pela Polícia Militar.

O Serviço de Equoterapia da FCEE funciona há 16 anos em parceria com a PMSC, por meio da unidade da Guarnição Especial de Polícia Militar Montada, localizada em São José. O convênio entre as duas instituições prevê a realização de tratamento terapêutico com cavalos (equoterapia) voltado para crianças e adultos com deficiência mental, física, autismo e outras necessidades especiais.

O atendimento gratuito é realizado por equitadores da PM em conjunto com a equipe técnica da FCEE, formada por fisioterapeutas, pedagogos, psicólogos  e educadores físicos, responsável pela realização de planos psicoterapêuticos individualizados de acordo com a necessidade de cada praticante. Atualmente, 26 pessoas são beneficiadas com o tratamento que dura em média dois anos com frequência de aulas de uma vez por semana.

“A equoterapia, quando inserido na vida de pessoas com deficiência, faz com que elas tenham maior qualidade de vida, socialização, confiança e o desejo de aprender, melhorar e obter conquistas. Eles vão se modificando, às vezes eles entram aqui tímidos na questão psicológica e vão se soltando, se socializando com outras crianças e com a equipe”, informou a pedagoga Ana Paula.

Resultados

Os benefícios na vida dos praticantes e dos familiares é percebido a cada nova aula de equoterapia, como descreveu Cibele Pereira da Silva, mãe de Daniel Francisco, de 7 anos, diagnosticado com paralisia cerebral e deficiência mental leve. “Dois anos que ele pratica equoterapia. O que percebemos de imediato foi o aumento da confiança, porque antes não conseguia se soltar e fazer movimentos, notamos também que melhorou muito o equilíbrio. Sentimos a cada aula uma nova conquista.”

Jana Mafalda é mãe de um menino de 6 seis anos diagnosticado com transtorno global do desenvolvimento, ele tem dificuldade de interação social e de comunicação. Jana salientou que o trabalho da equoterapia tem o intuito de criar laços afetivos e fazer com que a criança se envolva. “Observei que depois que meu filho começou a participar da equoterapia, ele ficou mais calmo e centrado. Ele desenvolveu um vínculo com o Cinturion, cavalo com o qual pratica equoterapia. Sempre que ele vem às aulas traz uma cenoura, uma maça, ele lembra que é um amigo dele e que vai fazer uma atividade com o amigo. Hoje ele consegue brincar com outras crianças, o que era impossível há dois anos,” relatou.

Cassiane de Macedo é mãe da Isabelle, de 9 anos, que possui paralisia cerebral que atingiu mais a coordenação motora. Isabelle frequenta a equoterapia há 1 ano e meio. “Sentimos muita diferença no equilíbrio, hoje ela se sente mais segura, e consegue correr o que não fazia antes. Ela adora as atividades com os cavalos, fica triste quando chove e não pode frequentar”, contou a mãe.

Acesso

Para terem acesso ao Serviço, os candidatos precisam passar pelo processo de seleção doCentro de Avaliação e Encaminhamento (CENAE) da FCEE, além de serem elegíveis para serem atendidos pelo CENER. O fluxo de entrada pela PMSC requer parentesco com policiais militares, com elegibilidade diferenciada (por exemplo, traumatismo raquimedular), mas passam, igualmente, por avaliação da FCEE.

O CENER é a unidade da FCEE responsável pelo processo de reabilitação das pessoas com deficiência intelectual ou transtorno global do desenvolvimento associados à deficiência neuromotora e/ou transtornos da linguagem. Ele possibilita o desenvolvimento de habilidades funcionais, de mobilidade, de coordenação motora geral e da fala, ampliando sua participação na sociedade. Desenvolve um trabalho articulado por meio de equipes multidisciplinares e interdisciplinares, visando abordar a pessoa com deficiência de forma global.

Sobre a Equoterapia

A equoterapia é um recurso terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas da saúde, da educação e da equitação buscando o desenvolvimento biopsicossocial das pessoas com deficiências. Proporciona ao praticante a reabilitação física e o desenvolvimento neuropsicomotor, educacional, social e afetivo. Atua de forma global, respeitando suas potencialidades e limitações, proporcionando uma melhor qualidade de vida. Seus benefícios vão muito além da coordenação motora, auxiliando também na afetividade, na autoestima, na psicomotricidade e na organização espacial e temporal.

Fonte: Elisabety Borghelotti - Assessoria de Imprensa Secom

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