Em uma garagem no bairro Tobias em Joaçaba seu Idalinos Roso, de 83 anos, guarda verdadeiras relíquias da história automotiva. Ele restaura carros que foram e ainda são o sonho de consumo dos apaixonados por estes veículos. O vô Magro, como é carinhosamente chamado, sempre gostou de carros antigos, mas sua paixão como colecionador foi maior por um Ford 1929. O Fordinho trás lembranças mais profundas no vô Magro, que viu o primeiro quando ainda era menino no Rio Grande do Sul, em Nova Bassano, onde morava com a família. “Quando eu era criança gostava de um Ford 1924 que tinha na minha cidade. Quando cresci um pouco o que mais chamou minha atenção foi um Ford 1929. Eu adorava aquela buzina, a ug-ug”. Contou, referindo-se ao som que buzina faz.
O Vô Magro é quem dá a manutenção e fabrica algumas peças para os carros. |
Fordinho 1929. |
O Vô magro veio para Joaçaba com a família quando tinha 13 anos. Trabalhou como mecânico durante boa parte da vida, por isso é ele mesmo quem fabrica algumas peças e dá a manutenção necessária para os carros. Atualmente está restaurando um Ford Tuder , trabalho que iniciou há 7 anos. Diferente do Fordinho 29, o Tuder foi fabricado todo fechado, sem a capota removível, o vô explica que era por causa das nevascas nos Estados Unidos. Na oficina estão ainda uma Brasília e um Fusca original. Tudo cuidado com muito capricho.
O Ford Tuder que está sendo restaurado. |
O velho Ford do Vô Magro já andou por muitos lugares, percorreu inclusive a América do Sul em várias exposições e mostras. Com orgulho, conta que no Paraguai foi recebido na Capital pelo presidente e seus ministros. Mas não é só isso, o carro já levou quase 200 noivas até a igreja. Sempre que convidado o Vô Magro, que se orgulha disso, serve de chofer para as noivas. O vô Magro também fundou o clube de carros antigos de Joaçaba. Atualmente ele é um dos mais antigos colecionadores do Estado.
A família também tomou gosto pela paixão do Vô Magro, a filha Margareth, carinhosamente chamada de Goga, conta que cresceu vendo o pai trabalhando e andando com os carros. “É uma paixão que passou de geração em geração. Sentimos muito orgulho do trabalho que ele desenvolveu com os carros e é muito bonito ver toda essa dedicação”.
Vô Magro segura uma das fotos de suas viagens. No Paraguai foi recebido pelo presidente. |
Aproveitamos e demos um passeio por Joaçaba. Entrar no Fordinho e sair pelas ruas provoca realmente uma sensação de voltar ao passado, ainda mais ouvindo as histórias das viagens contadas pelo Vô. Com motor adaptado o Ford 29 não se assusta com os morros, a buzina ug-ug é a marca registrada do veículo. Perguntei ao Vô Magro se ele ainda tem disposição para continuar restaurando os carros, entre lágrimas a resposta é que não. “É uma paixão muito grande, mas também muito serviço, agora é só pra andar mesmo”.